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Produtor da Apúlia exalta nuances de uma variedade nativa

A blend de azeitonas nativas Coratina e Ogliarola Garganica de colheita precoce rendeu um prêmio de prata no Festival Internacional de Agrimensura de 2025. NYIOOC para Oleifício Fratelli Vieste.
Pasquale, Vincenzo, Giacomo e Raffaele Vieste (Foto: Oleificio Fratelli Vieste)
Por Paolo DeAndreis
1 de julho de 2025 20:09 UTC
Resumo Resumo

O Promontório de Gargano, na província italiana de Foggia, é conhecido por suas terras altas escarpadas e pela produção ancestral de azeite. Oleificio Fratelli Vieste criou a marca Aurea com azeitonas Coratina e Ogliarola Garganica. A empresa se adaptou às mudanças climáticas por meio de práticas agronômicas, como poda especializada e manutenção da fertilidade do solo, além de se concentrar na sustentabilidade e na educação do consumidor por meio de degustações e passeios.

Planaltos acidentados e picos dispersos moldam a alma do Promontório de Gargano, que se estende até o Mar Adriático, na província de Foggia, no norte da Apúlia.

A região, conhecida como a espora da bota da Itália, abriga um grande parque nacional e é considerada uma das áreas mais antigas de produção de azeite de oliva do país.

O clima é o principal desafio, ainda mais do que as pragas. As oliveiras precisam de frio para descansar. Quando o ritmo muda, tudo muda.- Raffaele Vieste, coproprietário, Oleificio Fratelli Vieste

Ali, blendndo azeitonas Coratina com a cultivar autóctone Ogliarola Garganica, Oleífico Fratelli Vieste criou sua marca Aurea, que ganhou o prêmio Silver Award em 2025 NYIOOC World Olive Oil Competition.

A fazenda familiar e lagar de azeite, fundada em 1985, tem 20 hectares de pomares, dedicados principalmente às oliveiras Ogliarola, Coratina e Leccino, mas prospera graças ao relacionamento próximo com os produtores de azeitonas locais.

"Este é o nosso quadragésimo ano e muitos produtores estão connosco há muito tempo”, disse Raffaele Vieste, coproprietário da empresa. Olive Oil Times.

Veja também:Perfis de Produtor

A atividade do lagar tem origem numa longa tradição familiar de cultivo da azeitona.

"Nosso modelo é baseado em sinergia. Conhecemos os produtores, conversamos com eles e selecionamos os melhores lotes. Isso nos permite trabalhar com diferentes azeites e oferecer variedade", disse Vieste.

"Sabemos quais azeitonas vêm de cada pomar, como e quando colhê-las e como processá-las da melhor forma possível. É um trabalho baseado no conhecimento mútuo", acrescentou.

Aurea é feito de azeitonas colhidas no início de outubro, quando os rendimentos são baixos, mas o perfil aromático é mais desenvolvido.

"Quando colhemos tão cedo, o rendimento não chega nem a oito por cento”, disse Vieste, o que significa que para cada 100 quilos de azeitonas processadas, não são extraídos mais de oito quilos de azeite, um rendimento considerado relativamente baixo.

"É uma escolha arriscada, até mesmo antieconômica, mas é quando a Ogliarola Garganica expressa suas melhores notas: amêndoa, baunilha, um toque de tomate”, disse Vieste. "É um azeite complexo, porém delicado. As pessoas o apreciam por seu equilíbrio.”

De acordo com Vieste, em Aurea, o azeite intenso e estruturado de Coratina, uma cultivar bem conhecida da Apúlia, é equilibrado pelo Ogliarola mais suave.

"Nos últimos anos, as pessoas tendem a levar para as competições azeites extremos, com sabor frutado muito forte”, disse Vieste.

"Preferimos preservar a identidade da nossa terra. Ogliarola deve estar sempre presente. É a nossa assinatura. Mesmo quando usamos Coratina, buscamos o equilíbrio, não a força por si só", acrescentou.

Embora a empresa produza uma ampla gama de produtos, incluindo azeite virgem extra com perfis diferenciados, seu foco continua sendo a cultivar Ogliarola Garganica.

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"Para nós, não é apenas uma variedade, é identidade. É um azeite que, bem processado, conta a história desta terra como nenhum outro", disse Vieste.

""Tem mil nuances. Dependendo da época da colheita, pode variar de suave e doce a intensamente verde e frutado", acrescentou.

Nos últimos anos, a fazenda Vieste, como todos os produtores da região, teve que lidar com secas e ondas de calor.

"Estamos colhendo a 24 ºC em novembro. Costumávamos começar depois de 1º de novembrost, quando o frio chegava. Agora, esse frio parece ter desaparecido”, disse Vieste.

Além de 20 hectares de variedades locais de azeitonas, a Oleificio Fratelli Vieste também conta com produtores parceiros locais. (Foto: Oleificio Fratelli Vieste)

A colheita de azeitonas nessas condições exige um esforço extra para manter a qualidade, pois as altas temperaturas afetam as árvores, os frutos e o cronograma da colheita.

"O clima é o principal desafio, ainda mais do que as pragas. As oliveiras precisam de frio para descansar. Quando o ritmo muda, tudo muda", disse Vieste.

Para se adaptar aos impactos de das Alterações Climáticas, a empresa adotou práticas agronômicas direcionadas.

""Temos sorte de ter água subterrânea por perto. A irrigação de emergência nos salva em períodos críticos", explicou Vieste.

Uma parte crucial dessa adaptação é a poda especializada.

"Pode parecer trivial, mas dar às árvores o formato certo é fundamental. A poda ajuda a árvore a respirar, produzir melhor e suportar o calor", disse Vieste.

"Aqui temos uma forte tradição de podadores. Infelizmente, há cada vez menos. Mesmo assim, alguns começaram recentemente a ensinar as novas gerações", acrescentou.

Outras práticas se concentram na manutenção da fertilidade do solo.

"Tentamos manter o solo vivo, com cobertura vegetal para reter a umidade e sustentar as raízes”, disse Vieste.

A sustentabilidade é parte integrante da visão da empresa. "Recuperamos tudo: bagaço de azeitona, caroços de azeitona, até resíduos de poda. Utilizamos o bagaço como fertilizante, o fossos como biomassa“Estamos planejando uma usina de biogás movida a resíduos”, disse Vieste.

"Algumas dessas práticas já eram usadas no passado. Hoje, estão se tornando essenciais novamente. "Não é apenas uma escolha ambiental, é também econômica", acrescentou. "O relacionamento com os consumidores é outro pilar fundamental. A fazenda oferece degustações e visitas guiadas ao mundo do azeite. Vieste disse que os consumidores estão mudando à medida que sua conscientização sobre o azeite cresce.

"Hoje em dia, os visitantes costumam chegar já informados. Sabem o que procurar e reconhecem defeitos. "Dez anos atrás, não era assim", lembra Vieste. "É um esforço cultural que está dando frutos”, acrescentou.

A família Vieste agora pode mostrar aos visitantes os resultados de muitos anos de produção de azeite de oliva de alta qualidade.

""Autenticidade não se improvisa. É fruto da história, de escolhas difíceis e do trabalho diário", disse Vieste. "Continuamos neste caminho, convictos de que Azeite de oliva extra virgem italiano ainda tem muito a dizer ao mundo.”


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