Chuvas intensas no Rio Grande do Sul em 2024 prejudicaram os produtores locais de azeitonas, causando inundações, fatalidades e danos significativos. Apesar dos desafios, produtores brasileiros como Estância das Oliveiras e Olivas de Gramado ganharam prêmios no 2024 NYIOOC, mostrando a qualidade do azeite de oliva extra virgem brasileiro apesar dos menores volumes de produção.
Chuvas intensas inundou o estado do Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024, dificultando significativamente os esforços dos produtores locais de azeitonas.
Durante as semanas cruciais de colheita, 800 milímetros de chuva — mais da metade do volume anual esperado — encharcaram uma grande parte da região em menos de 15 dias. A inundação causou 181 fatalidades e infligiu US$ 3.7 (€ 3.47) bilhões em danos em toda a região.
É emocionante pensar que isso pode levar ao crescimento da cultura do azeite de oliva em nosso país.- Luiza Osorio, coproprietária, Al-Zait
Embora a inundação não tenha danificado muitos pomares, devastados pelas chuvas da primavera em setembro de 2023, que impediram a polinização, os produtores relataram dificuldades para enviar produtos, receber materiais de embalagem e lidar com perdas pessoais.
Num contexto tão desafiador, não é de surpreender que o número de brasileiros azeite virgem extra enviado para 2024 NYIOOC World Olive Oil Competition caiu para apenas 14, em comparação com 53 entradas ano anterior.
Veja também:Os melhores azeites virgens extra do BrasilEstância das Oliveiras, localizada em Viamão, Rio Grande do Sul, estava entre os vencedores de 2024. Ganhou o Prêmio Ouro pelo seu principal azeite de oliva extra virgem, um blend de azeitonas Arbosana, Arbequina e Koroneiki. Isso marca sua terceira vitória consecutiva.
No entanto, a participação no NYIOOC este ano exigiu esforços extraordinários da empresa familiar.
"Nosso estado enfrentou o pior desastre climático da história do Brasil, com grandes inundações em diversas cidades importantes, incluindo nossa capital”, disse o sócio-gerente Rafael Sittoni Goelzer. "Apesar de toda a devastação, produzimos azeites que ganharam reconhecimento internacional.”
"O aeroporto da nossa região ficou completamente submerso e ficou inoperante por seis meses, de maio a outubro”, acrescentou. "Tivemos que viajar mais de 1,000 quilômetros para enviar nossos azeites para competições de um aeroporto em outro estado. No entanto, todo esse esforço e resiliência foram recompensados com elogios significativos.”
O Rio Grande do Sul continua sendo o estado brasileiro mais importante na produção de azeite de oliva, respondendo por cerca de 75% da produção nacional. No entanto, o estado produziu apenas 193,150 litros de azeite de oliva em 2024, 67% abaixo do recorde de produção de 2023 e bem abaixo da média de cinco anos de 295,346 litros.

"Muitos produtores aqui perderam suas colheitas este ano devido às chuvas de setembro e outubro de 2023, que impactaram diretamente seus olivais”, disse André Bertolucci, coproprietário da Olivas de Gramado no Rio Grande do Sul.
"Isto entristeceu-nos muito porque compreendemos os imensos desafios de investir na cultura da oliveira aqui, uma vez que não está entre as culturas reconhecidas. 'commodities' do agronegócio brasileiro”, acrescentou.
Enquanto muitas regiões do estado foram severamente afetadas por chuvas e enchentes, Olivas de Gramado foi poupada.
A empresa ganhou o Prêmio Prata pelo seu Terroir Serrano, um blend de azeitonas Arbequina, Picual, Frantoio, Koroneiki, Ascolana e Manzanilla.
"Para nós aqui da Serra Gaúcha, no interior do Rio Grande do Sul, ser premiado pelo segundo ano consecutivo no NYIOOC é uma grande honra, principalmente considerando a participação de excelentes produtores do mundo todo”, disse Bertolucci.
"Estar entre os melhores é um reconhecimento incrível do trabalho duro, dedicação e amor de toda a equipe Olivas de Gramado”, acrescentou.
O prêmio deste ano também foi especial porque foi o primeiro em que Bertolucci e sua equipe produziram azeite de oliva em seu próprio moinho. Anteriormente, eles dependiam do moinho da família Goelzer.
"Este ano, a responsabilidade da moagem caiu sobre mim e, com o apoio e o incentivo de pessoas maravilhosas de todo o setor nacional de azeite de oliva, conseguimos fazer um bom trabalho”, disse ele.
Segundo Bertolucci, o Brasil abriga um cenário crescente de produtores de azeite de oliva de alta qualidade.

"É uma nova era, produzindo azeites de alta qualidade, usando tecnologia de ponta e mão de obra qualificada no manejo do olival, na colheita e no processo de extração”, disse ele.
Apesar dos desafios da colheita, os produtores não ficaram completamente surpresos com o sucesso contínuo do país na Competição Mundial.
"Sabíamos que estávamos no caminho certo, estudando muito, trocando ideias e informações com outros produtores brasileiros, investindo em nosso olival e construindo nosso lagar, o que otimizou todo o processo”, disse Bertolucci.
"Acreditamos também que a influência do nosso estilo único '“O 'terroir' foi um dos fatores-chave para alcançar esses resultados extraordinários”, acrescentou.
Outro produtor premiado, Al-Zait, celebrado mais um ano de sucesso No 2024 NYIOOC com sua monovarietal Picual.

"Nosso triunfo em Nova York foi um momento incrível para nós”, disse a coproprietária Luiza Osorio. "Ser reconhecido mais uma vez entre os melhores do mundo é uma grande honra e um reflexo do nosso compromisso em produzir azeite de oliva de alta qualidade.”
"Para nós, é uma validação de todo o trabalho duro, paixão e dedicação que colocamos em cada colheita”, acrescentou ela. "Este reconhecimento nos motiva a continuar expandindo os limites da excelência e a representar com orgulho o Brasil no cenário global.”
As operações da Al-Zait foram diretamente afetadas pelos eventos climáticos extremos.
"O excesso de chuva impactou significativamente nossos olivais”, disse Osorio. "As fortes chuvas não só ameaçaram a qualidade das frutas, mas também levaram a uma redução no nosso volume geral de produção.”
"Além disso, tivemos períodos de floração variáveis devido a ondas de calor inesperadas durante o inverno, o que complicou ainda mais o ciclo de crescimento de nossas azeitonas”, acrescentou ela. "Apesar desses contratempos, nossa equipe trabalhou incansavelmente para manter os mais altos padrões durante todo o processo.”
Segundo Osório, as vitórias no NYIOOC para azeites de oliva de alta qualidade produzidos no Brasil representam uma oportunidade para todos os stakeholders.
"Ganhar este prestigioso prêmio destaca a qualidade do azeite de oliva extravirgem brasileiro e ajuda a educar os consumidores locais e internacionais sobre o potencial dos nossos produtos”, disse Osório.
"Acreditamos que, à medida que mais pessoas reconhecem o artesanato e a dedicação por trás da produção de azeite de oliva desse calibre, isso inspirará maior apreciação e demanda por azeite de oliva extra virgem de alta qualidade no Brasil”, acrescentou ela.
"É emocionante pensar que isso pode levar a uma cultivo de azeite de oliva no nosso país”, concluiu Osorio.
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