No Rio Grande do Sul, produção premiada é preparação para o inesperado

Enquanto a família Capoani se prepara diligentemente para a colheita, seu destino está em grande parte ligado ao clima.
Foto: Capolivo
Por Paolo DeAndreis
8º de dezembro de 2022, 14h UTC

Uma parte ensolarada e arejada das colinas verdes do Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil, abriga dezenas de hectares de oliveiras plantadas e cultivadas pela família Capoani.

Fruto da experiência agrícola e do espírito empreendedor da família, aliada a esta localização única, os seus Capolivo marcas tornaram-se algumas das mais premiadas azeite virgem extra no Brasil.

Procuramos estar sempre preparados para lidar com as surpresas do clima.- Joice Capoani, diretora de marketing, Capolivo

Capolivo ganhou três Gold Awards e um Silver Award no 2022 NYIOOC World Olive Oil Competition, a maior competição mundial de qualidade de azeite. Antes, a família ganhou dois prêmios No 2021 NYIOOC.

De origem industrial, a família Capoani foi gradativamente entrando no agronegócio, agregando a pecuária e projetos de reflorestamento às suas demais atividades empresariais. Mais recentemente, a ideia de cultivar oliveiras criou raízes entre os membros da família e tornou-se o próximo empreendimento agrícola.

Veja também:Perfis de Produtor

"O interesse pela oliveira e pelo azeite é antigo na família Capoani”, disse Joice Capoani, diretora comercial e de marketing da Capolivo. Olive Oil Times.

"Meu pai, Jandir, neto de italianos e apaixonado por culinária, sempre se mostrou entusiasmado e confiante com a possibilidade de produzir azeite”, completa. "E assim, em 2012, plantamos uma pequena área de oliveiras para testar a ideia.”

Após o início do experimento com a olivicultura, a família viajou para a Itália e a Espanha para saber quais cultivares seriam mais adequados para a floresta rica em biodiversidade e terras agrícolas da região, localizada a aproximadamente 100 quilômetros ao sul de Porto Alegre.

"Essas viagens sempre foram percebidas pelo meu pai como cruciais para a empresa”, disse Capoani. "Sempre quis aprender com as experiências dos produtores de azeite, que também pude acompanhar de perto.

"Além de Itália, foi também a Espanha para aprofundar ainda mais os seus conhecimentos sobre o cultivo das oliveiras e a produção de azeite”, acrescentou.

"O entusiasmo foi crescendo, assim como o empenho e a vontade de fazer disso um sucesso”, continuou Capoani. "Em 2019 tivemos nossa primeira colheita comercial. A partir daí, a produção de azeite tornou-se central para os interesses da nossa família.

Hoje, a família administra 120 hectares de oliveiras, que se somam aos mais de 3,000 hectares de pinheiros que a família plantou em seus esforços de reflorestamento.

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Após estudar as cultivares que se dariam melhor no Rio Grande do Sul, a família decidiu plantar Arbequina, Arbosana, Picual, Coratina e Koroneiki.

"Escolhemos essas variedades porque sabíamos que eram compatíveis com o clima do Rio Grande do Sul”, disse Capoani, acrescentando que até agora a Arbequina e a Koroneiki são as melhores.

A adaptação das cultivares e sua capacidade de suportar as incertezas climáticas têm sido os maiores desafios da família. O Rio Grande do Sul possui clima subtropical temperado, com precipitação média superior a 1,000 milímetros ao longo do ano.

As temperaturas tendem a ser amenas, com os meses mais quentes raramente ultrapassando 25°C e os mais frios geralmente acima de 6°C. As massas de ar oceânicas também trazem uma brisa constante e ventos fortes na maior parte da região.

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No entanto, Capoani disse ter notado uma mudança no clima local ao longo dos anos. "A cada ano, as oscilações climáticas tornam-se mais imprevisíveis e as estações se blendm”, disse ela. "Portanto, o clima é e continua a ser um dos grandes determinantes da nossa produção e de todos os produtores de azeite da nossa região.

"Até o momento, os preparativos para a próxima safra estão ocorrendo conforme planejado”, acrescentou Capoani. "Por dependermos diretamente das condições climáticas para o sucesso da safra, procuramos estar sempre preparados para lidar com as surpresas do clima, como a frente fria que se espera nas próximas semanas em meio à florada da primavera.”

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Produzir azeite extra virgem de alta qualidade tem sido o principal objetivo da família desde que plantaram as primeiras oliveiras.

"Nos comprometemos com cada etapa da nossa safra, desde o plantio até a manutenção de um solo saudável e compatível”, disse ela. "O nosso trabalho é estritamente profissional e atento ao crescimento esperado das nossas oliveiras. Acompanhamos a floração com responsabilidade e acompanhamos o crescimento dos frutos até à colheita, aplicando o nosso know-how e padrões de qualidade.”

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A família emprega um engenheiro agrônomo e um consultor de olivicultura para atender a esses padrões. "Eles garantem que todo o nosso trabalho seja executado com responsabilidade, desde o plantio até a floração e a colheita”, disse Capoani.

Embora alguns desafios industriais permaneçam consistentes, como os altos custos de investimentos e produção, uma das áreas mais importantes para a empresa trabalhar é a conscientização do consumidor sobre o azeite extra virgem, que Capoani acredita estar atrasado no Brasil.

Ela explicou que a maioria dos consumidores no Brasil está acostumada a comprar azeites mais baratos no supermercado, e muitos ainda hesitam em pagar preços mais altos pelo azeite extra virgem produzido localmente.

No entanto, Capoani acrescentou que o NYIOOC World Olive Oil Competition ajuda os principais produtores brasileiros se destacam, aumentando a qualidade e o valor de seus produtos.

"Assim, tendo em vista que a produção de qualidade no Brasil está crescendo, é preciso trabalhar para evoluir a abordagem do consumidor”, afirmou.

No futuro, a família Capoani planeja começar a colher suas novas árvores Frantoio e Ascolana e começar a converter todos os seus olivais em protocolos de agricultura orgânica.


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