Trabalho árduo produz qualidade de classe mundial no Brasil

Estância das Oliveiras conquistou sete prêmios Ouro no 2023 NYIOOC, o maior em um único ano para qualquer produtor brasileiro.
(Foto: Estância das Oliveiras)
Por Lisa Anderson
5º de dezembro de 2023, 16h UTC

Estância das Oliveiras estabeleceu um novo recorde em 2023 NYIOOC World Olive Oil Competition, tornando-se o primeiro produtor brasileiro a conquistar sete Gold Awards em uma única edição do maior concurso mundial de qualidade de azeite.

"Nosso objetivo quando começamos a participar de competições globais nunca foi acumular prêmios, mas sim colocar o azeite virgem extra que produzimos com tanto carinho, dedicação e paixão na prova”, disse Rafael Goelzer, diretor de relações com o mercado da empresa. Olive Oil Times.

Tivemos que descobrir tudo isso com muito estudo, pesquisa e tentativa e erro.- Rafael Goelzer, diretor de relações com o mercado, Estância das Oliveiras

“[Ganhar estes prémios] demonstra e atesta a qualidade de classe mundial dos nossos azeites, além de nos mostrar que estamos no caminho certo”, acrescentou.

A empresa participa num concurso internacional de qualidade do azeite, realizado anualmente em cada continente, para ver como se compara à concorrência global.

Veja também:Perfis de Produtor

"Com isso, a visibilidade na mídia aumenta exponencialmente e a demanda comercial segue no mesmo ritmo, agregando ótimos resultados comerciais e de marca”, disse Goelzer.

Localizada no Rio Grande do Sol, estado do sul do Brasil que concentra a grande maioria da produção de azeite do país, a Estância das Oliveiras é uma empresa familiar.

Os pais de Goelzer, Lucidio e Sonia, foram cofundadores da empresa. Enquanto isso, seu irmão, André, é o mestre moleiro e seu outro irmão, Lucas, é o diretor financeiro da empresa.

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Lucidio Goelzer cofundou a Estância das Oliveiras com sua esposa, Sônia.

Goelzer disse que a Estância das Oliveiras produz comercialmente azeite virgem extra há cinco anos.

A empresa nasceu do sonho do pai em produzir azeite virgem extra para consumo da família.

Em 2004, começou a estudar a olivicultura e a pesquisar as potencialidades de Viamão, município do leste do Rio Grande do Sul, próximo ao litoral atlântico.

Na altura, a região era considerada inadequada para a olivicultura, mas a sua investigação e os resultados do seu empreendimento inicial de olivicultura provaram o contrário. "A região logo se destacou pela complexidade dos seus azeites”, disse Goelzer.

Desde a primeira plantação em 2004, a Estância das Oliveiras tem aumentado constantemente a sua produção anual de azeite, inspirando a família a passar de produtores amadores a produtores comerciais.

"Não foi nada fácil”, disse Goelzer. "Fomos um dos primeiros resorts produtores de azeite do Brasil.”

Naquela fase, não havia pesquisas disponíveis sobre manutenção de pomares, podas ou qualquer outra coisa relacionada ao azeite no Brasil. "Tivemos que descobrir tudo isso com muito estudo, pesquisa e tentativa e erro”, disse Goelzer.

"Nossa primeira colheita foi 11 anos depois do primeiro plantio”, disse. "Colhemos 35 quilos e produzimos 3.5 litros de azeite. É um trabalho que exige muita resiliência, inovação, aprendizado e, acima de tudo, paixão.”

Goelzer atribuiu o extraordinário sucesso deste ano no NYIOOC à paixão da sua família e de todas as outras pessoas que trabalham nos arvoredos e no moinho.

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Ele acredita que a chave para melhorar o setor é despertar essa paixão nos consumidores brasileiros, cuja o apetite por azeite virgem extra está crescendo mas pode não perceber que é produzido localmente.

"Percebemos que o consumidor brasileiro tinha pouca informação para escolher o melhor azeite”, disse Goelzer. "Por isso, há quase três anos, abrimos a estância para oleoturismo, com foco na capacitação dos consumidores na escolha do azeite.”

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Goelzer acredita que os produtores brasileiros podem promover a cultura local do azeite aos consumidores nacionais.

"Atualmente recebemos milhares de visitantes todos os anos, deixando um legado de educação para o consumo consciente do azeite”, acrescentou.

Junto com a educação do consumidor, Goelzer disse que os produtores brasileiros enfrentam muitos desafios, muitos dos quais decorrem dos altos custos de produção de azeite virgem extra.

"Quando falamos de azeites de classe mundial, não podemos produzi-los sem um elevado investimento e um trabalho praticamente artesanal, árvore por árvore”, afirmou. "Isso aumenta consideravelmente os custos de produção.”

"Os altos impostos no Brasil também têm impacto decisivo na pressão desses custos”, acrescentou Goelzer. "O governo poderia dar a atenção que merece a esse novo segmento econômico e, com incentivos, potencializar sua expansão.”

Para enfrentar esses desafios, Goelzer disse que o Brasil precisa produzir mais azeite no mercado interno e trabalhar com os setores público e privado para combater a fraude.

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O Brasil precisa produzir mais azeite de oliva extra virgem em casa para atender à crescente demanda e combater fraudes, segundo Goelzer.

"Temos a expansão da produção nacional; hoje, os azeites brasileiros atendem menos de 5% da demanda nacional ”, disse ele. "No longo prazo, o desafio é manter a qualidade do produto nacional.”

Apesar dos desafios, Goelzer disse que o Rio Grande do Sul tem muitas vantagens para os produtores. "Temos um terroir único que traz complexidade aos nossos azeites”, afirmou.

Goelzer acrescentou que a combinação do trabalho árduo da equipe e do controle total do processo de produção também desempenhou um papel significativo no seu sucesso.

Este trabalho árduo começa com a preparação do solo antes do plantio de qualquer árvore. Quando chega a hora, a colheita é feita manualmente para evitar que os frutos sejam danificados. "O tempo entre a colheita e o processamento é de apenas duas a três horas, trazendo um frescor incomparável a todos os nossos azeites”, disse Goelzer.

Acrescentou que toda a família é obcecada pelo azeite; seu pai e seu irmão pesquisam constantemente novas práticas de moagem e agricultura, aplicando tudo o que aprendem nos pomares e no moinho.

"Sem uma equipe de pessoas que amam o que fazem e se dedicam a dar o melhor de si, nunca teríamos alcançado resultados tão espetaculares”, disse Goelzer. "Tudo isto permite à Estância das Oliveiras alcançar tanto reconhecimento e produzir um dos melhores azeites do mundo.”


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