Produtores brasileiros reagem a ano recorde na competição mundial

Agricultores e moleiros disseram que o recorde de 50 prêmios conquistados no 2023 NYIOOC promover o azeite produzido localmente no país e no estrangeiro.

(Foto: Verde Louro)
Por Lisa Anderson
14 de novembro de 2023 15:15 UTC
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(Foto: Verde Louro)

Produtores brasileiros comemoram um ano de sucesso sem precedentes no 2023 NYIOOC World Olive Oil Competition, ganhando 50 prêmios, 20 a mais que o recorde anterior estabelecido no ano passado.

Os produtores do Brasil entraram pela primeira vez na Competição Mundial com uma amostra em 2015. Desde então, as inscrições têm aumentado constantemente, com os produtores enviando 55 azeite virgem extra amostras este ano.

O reconhecimento internacional coloca o Brasil em destaque pela qualidade dos azeites produzidos. Isto faz com que o consumidor nacional procure, prove e reconheça os azeites aqui produzidos.- Daiana Fuhrmann, proprietária, Verde Louro Azeites

O ano recorde no NYIOOC coincide com um colheita abundante no maior país da América do Sul, com o principal estado produtor de azeite, o Rio Grande do Sul, rendendo 580,228 litros de azeite na safra 2022/23, 29 por cento acima da produção do ano anterior.

Estância das Oliveiras da região de Viamão, no Rio Grande do Sul, liderou com sete prêmios Ouro no evento deste ano NYIOOC, o máximo de um produtor brasileiro em uma única edição da competição.

Veja também:Os melhores azeites do Brasil

A empresa foi premiada pelos monovarietais Arbequina, Coratina, Frantoio, Koroneiki e Picual, além de dois azeites blendados.

"Este é um verdadeiro marco para a olivicultura nacional e, principalmente, para a Estância das Oliveiras”, disse o diretor de relações com o mercado da Estância das Oliveiras, Rafael Goelzer. Olive Oil Times.

"Percebemos que todo o esforço que fazemos diariamente está sendo recompensado”, acrescentou. "Nosso fundador [pai de Goelzer, Lucídio] ficou emocionado quando descobriu e compartilhou com todos da família e equipe.”

Além do terroir e do foco em todas as etapas da produção, Goelzer creditou à família, parceiros e colaboradores apaixonados pela produção de azeites virgens extras o sucesso da empresa.

"Nosso maior desafio é ter azeites para abastecer o mercado até a próxima safra”, disse Goelzer.

Enquanto isso, Azeites Costa Doce da região gaúcha conquistou quatro prêmios no Concurso Mundial.

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O produtor do Azeites Costa Doce atribuiu os seus quatro prémios a uma colheita precisa e precoce.

Rodrigo Costa, diretor financeiro da Azeites Costa Doce, descreveu o ponto crucial da conquista dos Prémios de Ouro para os seus Arbequina e Koroneiki e dos Prémios de Prata para um Koroneiki e um Picual.

"Nosso principal desafio na colheita foi implementar a colheita mecanizada e conseguir colher todas as 300 toneladas de frutas em pouco tempo para garantir que elas tivessem o grau de maturidade ideal para manter a qualidade dos nossos produtos”, disse.

Em outras partes do Rio Grande do Sul, maior produtor do país, Próspero, comemorou dois prêmios de ouro para um blend e Picual e dois prêmios de prata para os azeites monovarietais Frantoio e Koroneiki.

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O maior produtor de azeite do Brasil ganhou mais quatro prêmios.

"Ainda ficamos arrepiados diante dos resultados, embora este já seja o sétimo ano estamos participando”, disse o presidente-executivo Rafael Marchetti. "Nunca sabemos o que os jurados vão pensar dos nossos azeites. Então, quando você vê sua garrafa com selo dourado na tela, é muito emocionante e gratificante ao mesmo tempo.”

"Os prêmios ajudam a fortalecer a imagem do nosso compromisso com a máxima qualidade na produção dos nossos azeites, algo que é compartilhado não só pelos produtores da nossa região, mas por todos os produtores do Brasil ”, afirmou. "Apesar do pouco tempo de mercado, em comparação com outros países mais tradicionais, nada mais importante do que começar tendo como prioridade a máxima qualidade.”

Marchetti disse que prestar muita atenção em toda a cadeia produtiva garante que os azeites da Prosperato se destaquem.

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"Tivemos o privilégio de acompanhar de perto todo o surgimento da produção brasileira de azeite há pouco mais de 10 anos, sempre atentos às necessidades dos nossos consumidores neste crescente mercado de azeite no Brasil", Disse ele.

Menos de duas horas a leste de Prosperato, Fazendas do Azeite Sabiá ganhou dois prêmios de ouro por um blend e Arbequina, junto com um prêmio de prata por seu Koroneiki.

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Beatriz Pereira e Bob Costa, proprietários do Azeite Sabiá

"Estamos muito felizes”, disse a proprietária Beatriz Pereira, acrescentando que ganhando os três prêmios significa muito para a empresa, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil.

"O azeite brasileiro existe há apenas 15 anos. Antes usávamos azeites portugueses, espanhóis, italianos e gregos”, explica. "Os brasileiros acreditam que os azeites importados da Europa são os melhores.”

“[Para competir], mandamos o Azeite Sabiá para concursos internacionais para demonstrar que somos tão bons”, disse Pereira.

Ela acredita que todo o processo nas Fazendas do Azeite Sabiá faz com que seus azeites se destaquem "desde a forma como cuidamos das nossas oliveiras, da colheita, da extracção e da forma como limpamos o nosso lagar”, disse.

"Nossa colheita é no verão [começando em fevereiro, no final do verão do Hemisfério Sul], então as azeitonas são colhidas em altas temperaturas”, disse ela. "Usamos um caminhão refrigerado no local da colheita para baixar a temperatura das azeitonas, para que cheguem ao lagar com temperatura baixa.”

Também vindos de Encruzilhada do Sul, os produtores por trás MF Agropastoril comemorou a conquista de quatro Prêmios Ouro, atribuindo parte desse sucesso ao clima e à geografia da região.

"Nossas condições fundiárias e climáticas são muito distintas, o que confere características únicas aos azeites produzidos em Encruzilhada do Sul”, disse o proprietário Flavo Fernandes. "E isso é particularmente visto em nossas áreas de cultivo.”

A colheita que resultou nos premiados azeites Arbequina, Frantoio, Koroneiki e Picual da MF Agropastoril enfrentou alguns obstáculos.

"Mais uma vez tivemos um período de seca vital desde a primavera e a necessidade de irrigar as oliveiras durante o verão”, disse Fernandes. "No final de fevereiro, com a Arbequina já colhida, tivemos um grande volume de chuvas que interrompeu a maturação dos demais frutos e estendeu a colheita por mais quase 45 dias, com intervalo de um mês.”

"Como a nossa colheita é totalmente manual, foi um desafio manter a equipe mobilizada e aguardar a retomada da colheita”, acrescentou.

Nas proximidades de Mato Grande, Verde Louro Azeites comemorou seus quatro triunfos no NYIOOC, incluindo dois prêmios de ouro para uma Arbequina e um blend e dois prêmios de prata para os azeites virgens extra Arbosana e Koroneiki.

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A Verde Louro Azeites espera que o seu forte desempenho coloque o Brasil firmemente no mapa mundial do azeite.

"O reconhecimento internacional coloca o Brasil em destaque pela qualidade dos azeites produzidos”, disse a proprietária Daiana Fuhrmann. "Isto faz com que o consumidor nacional procure, prove e reconheça os azeites aqui produzidos.”

"Isso impulsiona o consumo interno, o que trará grandes benefícios com os investimentos e a expansão da produção”, acrescentou.

Enquanto muitos produtores brasileiros comemoravam o segundo, terceiro ou mesmo sétimo sucesso consecutivo no NYIOOC, os produtores por trás Al-Zait triunfou no primeiro ano de participação na competição, ganhando três prêmios Ouro por seus azeites Frantoio, Koroneiki e Picual.

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Al-Zait comemorou três prêmios em sua estreia na Competição Mundial.

"É um enorme reconhecimento do nosso potencial, da velocidade com que as oliveiras se adaptaram a uma condição de solo e clima tão distinta da sua origem”, Luiza Osorio, diretora executiva da Al-Zait que cofundou a empresa com seu sócio, Fernando Alfama, disse.

Os prêmios da edição do Hemisfério Sul do NYIOOC foram anunciados em lotes ao longo de um mês e meio, e Al-Zait soube de seus prêmios no início de setembro. Como resultado, a empresa já viu o impacto da vitória.

"Os prêmios foram fundamentais para elevar o reconhecimento e a credibilidade da nossa marca globalmente”, disse Osorio. "Eles refletem e apoiam todo o nosso esforço e trabalho árduo. Vimos um aumento notável no interesse do consumidor pelo nosso azeite virgem extra. Isso se traduziu diretamente no aumento das vendas e no aumento do valor da marca.”

Não muito longe, Estância Dona Genoveva, outro vencedor pela primeira vez, ganhou dois prêmios de ouro pelo blend da marca Olivas Alto Bonito e Koroneiki.

"A obtenção de prémios, como os nossos Gold Awards, numa prestigiada competição global como o NYIOOC nos dá um incentivo extraordinário”, disse o proprietário Renato Kalil.

Acrescentou que, a nível individual e para a região e para o país, alcançar o reconhecimento internacional ilumina o caminho a seguir para o azeite brasileiro a nível mundial.

"Nossa última colheita foi em março de 2023, quando as árvores tinham quatro anos, e enfrentamos uma forte seca no verão”, disse Kalil. "Para preservar a saúde das oliveiras e manter o turgor adequado dos frutos, procedeu-se à irrigação manual contínua durante os últimos 50 dias até à colheita. Isto foi eficaz, recuperou completamente os nossos frutos e permitiu obter um azeite de boa qualidade.”

Outro recém-chegado, Olivas de Gramado, do Rio Grande do Sul, conquistou o Prêmio Prata pelo seu Terroir Serrano blend de Campo.

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Olivas de Gramado comemorou seu primeiro triunfo no NYIOOC.

André Bertolucci, especialista em azeites da empresa, disse que eles sempre primam pela qualidade.

"Tivemos um período de seca muito pronunciado antes da colheita”, disse Bertolucci. "No entanto, isso não impediu que os frutos colhidos mantivessem todas as suas propriedades sensoriais e organolépticas.”

"Como colhemos manualmente em terrenos muito acidentados, o desgaste da equipe foi grande”, disse. "Mas isso não nos impediu de ter muito sucesso em todo o processo, colhendo frutos da mais alta qualidade.”


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